Hipospádia em Urologia Pediátrica

Sumário

A hipospádia é um defeito congênito observado em meninos. A localização do meato (orifício de saída de urina no pênis) está localizada na superfície inferior do pênis e não na ponta do pênis.

Possíveis localizações da Hipospádia.

Condições associadas à hipospádia

Na maioria das vezes, a hipospádia é observada no momento do nascimento. 

Além do orifício deslocado da ponta do pênis, duas outras condições são frequentes na hipospádia.

Uma delas, é que o prepúcio não envolve completamente a cabeça do pênis e é deficiente na superfície ventral (de baixo) do pênis. A outra, é que também pode haver alguma flexão, uma curvatura associada do pênis, conhecida como chordee (perceptível quando o pênis da criança está rígido ou durante o exame no consultório médico). Quanto maior essa flexão (curvatura, mais grave é essa condição). Na cirurgia para correção da hipospádia, o Urologista Pediátrico precisa ser atento nessas três condições que fazem parte  da doença e não podem ser neglicenciados no processo de tratamento cirúrgico.

Diagnóstico

O diagnóstico é feito pelo exame físico, onde percebe-se que o orifício está fora do lugar. 

A localização do orifício pode ser mais próxima da glande, no corpo peniano e até na região escrotal e perineal, nos casos mais graves.

Nas formas mais leves de hipospádia, a abertura está localizada na glande (cabeça do pênis) ou muito próxima dela. As formas mais graves têm a abertura localizada entre na parte mais baixa do pênis e próximo do escroto. Ou seja, quanto mais longe do glande, mais grave é a hipospádia.

Um especialista deve ser sempre consultado, pois cirurgia de hipospádia deve ser realizada idealmente até o primeiro ano de idade.

Tratamento

A hipospádia é tratada com cirurgia. 

A idade para tratamento cirúrgico é após os 6 meses de idade, idealmente entre 6 meses e 1 ano. 

O tipo de procedimentos necessários para a reconstrução depende do grau da hipospádia. 

A maioria das formas leves das hipospádias pode ser corrigida com um único procedimento ambulatorial, porém as formas graves de hipospádia podem exigir dois ou mais procedimentos para correção e podem necessitar de hospitalização. O objetivo da reconstrução é endireitar o pênis (corrigir a corda), trazer a abertura (meato) até a ponta do pênis e deixar o pênis o mais esteticamente próximo possível do normal. Embora a correção cirúrgica possa ser realizada em qualquer idade, maioria dos nós urologistas pediátricos preferimos a cirurgia entre 6 e 15 meses de idade.

Após a cirurgia, um tubo (stent/sonda) pode ser deixado no pênis reconstruído para drenar a urina e um curativo é deixado no lugar. O tempo de uso do tubo e do curativo é variável, mas é mais frequente uma semana a 10 dias é o tempo adequado. 

O tubo/sonda é retirados no consultório. Os curativos são realizados em casa, dependendo de cada caso. Os meninos são tratados com analgésicos orais, que controlam bem os sintomas álgicos.

Prefere-se o uso de fraldas duplas no pós-operatório, com a segunda fralda absorvendo  a drenagem da sonda e assim deixado o local da cirurgia seco.

Se a hipospádia for observada no nascimento, é altamente recomendável que a criança não seja circuncidada (cirurgia de fimose). O prepúcio é importante para a ser usado no tratamento cirúrgico da hipospádia como retalho. É removido no momento da cirurgia e é usado para a reconstrução da hipospádia.

Possíveis complicações que podem acontecer com a condição de Hipospádia no pós-operatório

As complicações após a cirurgia são comuns no mundo todo, descritos em muitos trabalhos. Incluem fístula (um orifício no canal que é reconstruído), que é diagnosticada pela observação de gotejamento de urina de uma segunda abertura quando a criança está urinando e estenose do meato (orifício de saída da urina criado com a cirurgia) (cicatrização da nova abertura) diagnosticada por um estreitamento do fluxo de urina. 

Além disso, o novo canal que é criado pode cicatrizar e causar uma estenose, ou até mesmo a ruptura completa do reparo é possível. 

Todas essas complicações  são bem descritas na literatura mundial, suas taxas variam entre 4% a 10% e podem sim acontecer.

Quando ocorrem, requerem reparo cirúrgico adicional. A cirurgia para correção é mais simples. 

Com os avanços nas técnicas cirúrgicas, as complicações foram reduzidas consideravelmente.

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